Skip to content

Published on

12 min read

A resposta não é a IA! Manifesto de solidariedade com a campanha A resposta somos nós

campanha

Authors: Laboratório de Políticas Públicas e Internet, Instituto de Defesa de Consumidores, Coding Rights, Green Web Foundation, Green Screen Coalition


Assine a declaração de solidariedade

Apoie a campanha A resposta somos nós!

Read the English version of the solidarity statement here.

Em apoio à campanha A Resposta Somos Nós, compartilhamos esta declaração de solidariedade e reafirmamos as principais reivindicações do movimento.

Como organizações da sociedade civil no Brasil e em todo o mundo, que há muitos anos atuam na defesa dos direitos digitais e da justiça tecnológica, manifestamos profunda preocupação com a atual trajetória das tecnologias que ameaçam pessoas, territórios e sistemas que sustentam a vida no planeta. Tal como vem sendo desenvolvida e implementada, a inteligência artificial intensifica a exploração dos territórios e impulsiona um futuro baseado em vigilância e alta emissão de carbono. Estamos profundamente preocupades com a centralização de poder tecnológico, seus amplos impactos sobre o meio ambiente e as comunidades que vivem em regiões de fronteira da extração e produção da cadeia de valor do setor, bem como com o uso dessas tecnologias para aprofundar danos e desigualdades.

Na COP30, estamos ao lado dos povos indígenas e das comunidades de linha de frente que resistem à exploração e defendem sua soberania territorial. O conhecimento ancestral, a luta coletiva e a construção de sociedades saudáveis afirmam que a tecnologia deve estar a serviço das pessoas e dos territórios. As infraestruturas digitais devem ser desenvolvidas dentro dos limites planetários e orientadas pela justiça, pelo cuidado e pela autodeterminação dos povos indígenas e das comunidades que vivem em conexão com a terra.

1. DIREITOS TERRITORIAIS = AÇÃO CLIMÁTICA

As tecnologias devem atender às necessidades de todos os povos e ecossistemas que habitam os territórios. No entanto, as infraestruturas digitais são frequentemente impostas sem consentimento, repetindo padrões coloniais de exploração e destruição. Megaprojetos tecnológicos se aproveitam da histórica expropriação e da retirada de direitos territoriais de comunidades indígenas, pois são dependentes da ausência de fiscalização e da falta de garantia efetiva dos direitos indígenas à terra. Proteger os territórios também significa proteger nossos dados, nossos saberes, nossas formas culturais de vida e nosso direito de decidir quais tecnologias entram em nossas vidas — assegurando que o desenvolvimento tecnológico respeite a vida, a cultura e o equilíbrio ecológico.

2. DESMATAMENTO ZERO

Uma transição digital verdadeiramente justa requer desmatamento zero e tolerância zero para projetos tecnológicos que degradam ecossistemas e exploram comunidades. O desmatamento e o extrativismo de dados compartilham a mesma lógica: a transformação da vida em recurso mercantilizado. As indústrias digitais, a inteligência artificial, a computação em nuvem, as economias de plataforma (e as criptomoedas) dependem e exploram desigualdades geopolíticas de poder, minerais raros, consumo massivo de energia e água, e o trabalho precário que sustenta todo esse sistema. Essa rápida expansão é irresponsável e corre o risco de aprofundar a degradação socioambiental.

3. NÃO AOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS! NÃO À MINERAÇÃO EM NOSSOS TERRITÓRIOS!

Exigimos transparência sobre as emissões dos data centers e de toda a cadeia de fornecimento da inteligência artificial, incluindo seus impactos sobre os territórios, água, biodiversidade, e comunidades, bem como mecanismos claros para exigir ação das empresas e dos atores que as sustentam. A expansão da IA está impulsionando o uso de combustíveis fósseis tanto de forma direta — por meio de data centers movidos a gás — quanto indireta, ao elevar a demanda total de eletricidade além da capacidade atual das fontes renováveis. Essa pressão compromete as metas de descarbonização e desvia recursos de setores públicos essenciais. No Sul Global, aprofunda ainda mais os padrões de exploração por meio da mineração para eletrificação e de grandes projetos energéticos, frequentemente ignorando a governança local e a fiscalização ambiental. Nenhum combustível fóssil deve ser queimado em qualquer etapa da cadeia tecnológica!

4. PROTEGER AS DEFENSORAS E OS DEFENSORES! PROTEGER NOSSOS MODOS DE VIDA!

Estamos ao lado das defensoras e dos defensores do meio ambiente. Proteger quem protege é a forma de construir futuros viáveis, enraizados no cuidado, na solidariedade e no respeito aos limites do planeta. Exigimos proteção para as pessoas que defendem os direitos humanos, ambientais e territoriais e que sofrem ameaças por denunciarem abusos corporativos e resistirem à destruição dos meios de vida em seus territórios. Povos indígenas, comunidades tradicionais e quilombolas, assim como comunidades negras e periféricas urbanas, estão se levantando contra a instalação de data centers e projetos energéticos sem a devida consulta. Elas e eles representam a luta contra um modelo de desenvolvimento que viola direitos e apaga modos de vida tradicionais.

5. ACESSO DIRETO AO FINANCIAMENTO CLIMÁTICO

O financiamento climático deve apoiar a produção de conhecimento científico enraizado nos territórios e fortalecer os sistemas de conhecimento indígena por meio da transferência tecnológica territorial. Esse financiamento precisa impulsionar a diversidade de caminhos tecnológicos e estabelecer protocolos de governança de dados que sejam juridicamente, comercialmente e politicamente vinculantes. Também deve sustentar o cuidado comunitário, a governança ética dos dados e a conectividade significativa. O financiamento climático não pode reforçar visões monoculturais de inovação que perpetuam um modelo de desenvolvimento baseado na extração de recursos e no controle tecnológico.

6. PARTICIPAÇÃO COM PODER REAL

Participação real significa que as comunidades detêm poder de decisão em todas as etapas da produção de conhecimento sobre seus territórios. A participação deve ser orientada por protocolos de consentimento das comunidades, pelo reconhecimento da geração cidadã de dados e pela supervisão territorial sobre o licenciamento ambiental e o manejo dos dados — com poder real de decisão sobre tanto a instalação das infraestruturas quanto o uso das tecnologias. A participação efetiva fortalece as práticas de mapeamento indígenas e locais, que oferecem múltiplas formas de adaptação climática. Os dados coletados “de cima” não podem substituir os saberes que vêm “de baixo”.

Assine a declaração de solidariedade “A resposta não é a IA. A resposta somos nós!”

Apoie a campanha A resposta somos nós!

logo wall of signatories

Signatories

Accolades
AI Policy Lab
Aspiration
Arctic Centre
Attac Norway
BetterTech
Bits & Bäume
Bundesverband Green Software
Center for International Environmental Law
Clean Air Action Group
Código Sur
Coding Rights
Coletivo Digital
Concordia University/independent
Conectas Direitos Humanos
Cooperativa Sulá Batsú
Critical infrastructure lab
Data & Society
Data For Good
De Donutlobby
Defend Democracy
Digital Action
DiraCom - Direito à Comunicação e Democracia
Egyptian Initiative for Personal Rights (EIPR)
Existential Risk Observatory
Faculty Staff Divestment Network
Forum of European Muslim Youth and Student Organisations
Freedom internet
Friends of the Earth (England, Wales and Northern Ireland)
Fundación Chile Sin Ecocidio
Gillian Andrews
Green Coding Solutions
Green Web Foundation
HAMACA
Idec - Instituto de Defesa de Consumidores
Institute for Advanced Study
IP.rec - Law and Technology Research Institute of Recife
IPANDETEC
Irish Council for Civil Liberties - Enforce
Jena, Florian Rasche
Kairos Fellows
Ketan Joshi
Kleindatenverein
LAPIN - Laboratory of Public Policy and Internet
La Quadrature du Net
Open Energy Transition
Pimentalab - Universidade Federal de São Paulo
Red Tierra Común
Rooted Futures Lab
SEEKCommons project
Sociotechnical AI Systems Lab
Somali Human Rights Association
Sussex Digital Humanities Lab
TEDIC
The Legal Resources Centre
Tierra Común
Tierra Comun Cooperative
Tu Nube Seca Mi Río
UCD
Umeå university
Universidad Autónoma de Madrid
University of Amsterdam/Institute for Information Law
B-LSTS
Wageningen University & Research\

Bibliography

AI in fossil fuel exploration

Cushing, Simon, James Ingham, and Inna Agamirzian. 2024. Compare AI Software Spending in the Oil and Gas Industry, 2023-2027. Gartner. March 27, 2024

EY. 203AD. Applying AI in Oil and Gas. Survey removed from site; accessed at Internet Archive October 9, 2024,

Hao, Karen. 2024. Microsoft’s Hypocrisy on AI. The Atlantic, September 13, 2024, sec. Technology

Stone, Maddie. 2024. Microsoft Employees Spent Years Fighting the Tech Giant’s Oil Ties. Now, They’re Speaking out. Grist, May 8, 2024

Air pollution

Han, Yuelin, Zhifeng Wu, Pengfei Li, Adam Wierman, and Shaolei Ren. 2024. The Unpaid Toll: Quantifying the Public Health Impact of AI. arXiv

Wittenberg, Ariel. 2023. Coal Power Kills a ‘Staggering’ Number of Americans. Scientific American, August 11, 2023

Energy and emissions

Adams, Chris. 2025. Will New Models like DeepSeek Reduce the Direct Environmental Footprint of AI? Reads, Takes and Links. January 27, 2025

ADEME, MAVANA, HUBBLO, Tomorrow. Environmental assessment of the direct and indirect effects of digital technology for use cases. ADEME, MAVANA, HUBBLO, Tomorrow, 2024

Beyond Fossil Fuels. 2024. 24/7 Renewable Electricity Matching Is a Far More Credible Approach for the GHG Protocol and the SBTi than the Emissions First Partnership Proposal. Beyond Fossil Fuels. October 10, 2024

Beyond Fossil Fuels. 2025. SYSTEM OVERLOAD: How new data centres could throw Europe’s energy transition off course. February 10, 2025

Dobbe, Roel. 2025. The AI Curse - Trump & Silicon Valley’s ‘AI Action Plan’ Is a Disaster for the Planet. Linkedin.com, July 25.

Dobbe, Roel, and Whittaker. 2019. AI and Climate Change: How They’re Connected, and What We Can Do about It. AI Now Institute (blog). October 17, 2019

Çam, Eren, Zoe Hungerford, Niklas Schoch, Francys Pinto Miranda, and Carlos David Yáñez de León. 2024. Electricity 2024: Analysis and Forecast to 2026. International Energy Agency.

Enabled Emissions Campaign

IER. 2024. Big Corporations Are Abandoning Their Climate Commitments. Institute for Energy Research. September 23, 2024.

Kamiya, George, and Paolo Bertoldi. 2024. Energy Consumption in Data Centres and Broadband Communication Networks in the EU. JRC135926. Luxemburg: Publications Office of the European Union

Kerr, Dara, dir. 2024\ AI Brings Soaring Emissions for Google and Microsoft, a Major Contributor to Climate Change. NPR.

Lannelongue, Loïc. 2024. Modeling the Increase of Electronic Waste Due to Generative AI. Nature Computational Science 4 (11): 805–6.

McArdle, Jill, and Pierre Terras. 2025. SYSTEM OVERLOAD: How New Data Centres Could Throw Europe’s Energy Transition off Course. Beyond Fossil Fuels

Milmo, Dan. 2024. Google’s Emissions Climb Nearly 50% in Five Years Due to AI Energy Demand. The Guardian, February 7, 2024, sec. Technology

Mooldijk, Silke, Thomas Day, and Sybrig Smit. 2024. Navigating the Nuances of Corporate Renewable Electricity Procurement: Spotlight on Fashion and Tech. Berlin and Cologne, Germany: NewClimate Institute

O’Brien, Isabel. 2024. Data Center Emissions Probably 662% Higher than Big Tech Claims. Can It Keep up the Ruse? The Guardian, September 15, 2024

Ray, Siladitya. 2024. Amazon Claims It Achieved 100% Renewable Energy Target In 2023—Here’s What It Means. Forbes, October 7, 2024

Rick, August, Katrin Wu, and Tianyi Luo. 2023. Invisible Emissions - A Forecast of Tech Supply Chain Emissions and Electricity Consumption. Greenpeace East Asia.

Stand.Earth. 2024. Microsoft’s Application of AI to Accelerate Oil & Gas Expansion. 2024. Stand.Earth. May 12, 2024

Vries, Alex de. 2023. The Growing Energy Footprint of Artificial Intelligence. Joule 7 (10): 2191–94.

Walton, Jo Lindsay, Natalie Huegler, Faosiyat Tiamiyu-Tijani, et al. 2024. The Cloud and the Climate: Navigating AI-Powered Futures. Preprint, Sussex Digital Humanities Lab.

Zhang, Xixi. 2024. Ctrl-Alt-Incomplete: The Gaps in Microsoft’s Climate Leadership. STAND.earth

Greenwashing and false solutions

Instituto Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife. 2025. Opacidade Ambiental Na Discussão Sobre Transparência Da Economia Da Inteligência Artificial

Jansen, Fieke, and Michelle Thorne. 2024. Predatory Delay and Other Myths of ‘Sustainable AI.’ In Redirecting Europe’s AI Industrial Policy: From Competitiveness to Public Interest, edited by Frederike Kaltheuner, Leevi Saari, Amba Kak, and Sarah Myers West. AI Now

Kazansky, Beck, and Nikita Kekana. 2023. Coming Together to Counter Misleading and False Climate/Tech Solutions. Branch Magazine. September 6, 2023

Lamb, William F., Giulio Mattioli, Sebastian Levi, J. Timmons Roberts, Stuart Capstick, Felix Creutzig, Jan C. Minx, Finn Müller-Hansen, Trevor Culhane, and Julia K. Steinberger. 2020. Discourses of Climate Delay. Global Sustainability 3:e17

Project Drawdown uses different scenarios to assess what determined, global efforts to address climate change might look like. Scenarios shown here are plausible and economically realistic. Drawdown Scenario 1 is roughly in line with a 2˚C temperature rise by 2100, while Drawdown Scenario 2 is roughly in line with a 1.5˚C temperature rise at century’s end. AI’s role in any of these solutions is limited, if needed at all. See “Table of Solutions,”

Steffen, Alex. 2016. Predatory Delay and the Rights of Future Generations. Medium, April 29, 2016

Hardware

Bordage, Frederic, Lorraine de Montenay, Sofia Benqassem, Julie Delmas-Orgelet, Firmin Domon, Damien Prunel, Caroline Vateau, and Etienne Lees Perasso. 2021. Behind the Figures: Understanding the Environmental Impacts of ICT and Taking Action.

Chen, Ann, and Ingrid Burrington. 2023. Manufacturing: The Semiconductor Is an Accretion of Place. Geographies of Digital Wasting. 2023

Smolaks, Max. 2022. Nvidia’s H100 – What It Is, What It Does, and Why It Matters Data Center Knowledge. March 23, 2022

Justice

Agarwal, Anil, and Sunita Narain. 2019. Global Warming in an Unequal World: A Case of Environmental Colonialism.. In India in a Warming World: Integrating Climate Change and Development, edited by Navroz K. Dubash, 0. Delhi: Oxford University Press

Bengio, Yoshua, Sören Mindermann, Daniel Privitera, et al. 2025. International AI Safety Report. In arXiv [Cs.CY].

Bits und Baeume. 2025. Digitale Souveränität und Zukunft durch demokratische Kontrolle! Forderungen des „Bits & Bäume“-Bündnisses zur Bundestagswahl 2025

Brand, Ulrich, Barbara Muraca, Éric Pineault, Marlyne Sahakian, Anke Schaffartzik, Andreas Novy, Christoph Streissler, et al. 2021. From Planetary to Societal Boundaries: An Argument for Collectively Defined Self-Limitation. Sustainability: Science, Practice and Policy 17 (1): 264–91

Carli, R., Dahlgren Lindström, A., Dignum, V., Ericson, P., Paixao, I., Titareva, T. and Tucker, J. 2025. Self-Assessment Tool with Guiding Questions for Responsible AI Approach by AI Policy Lab (AIPL). Test version 2 from November 11, 2025. Umeå University.

Saul, Josh, Naureen S Malik, and Mark Chediak. 2024. AI Boom Is Driving a Surprise Resurgence of US Gas-Fired Power. Bloomberg, September 16, 2024

IDEC. 2025. [Não somos quintal de data centers.](https://idec.org.br/publicacao/nao-somos-quintal-de-data-centers) Accessed November 17, 2025.

[Tramas](https://tramas.digital/es/ is an action-research project of the Decolonial Feminist Coalition for Digital and Environmental Justice.

Valdivia, Ana. 2025. The Supply Chain Capitalism of AI: A Call to (Re)Think Algorithmic Harms and Resistance through Environmental Lens. Information, Communication and Society 28 (12): 2118–34.

Velkova, Julia. 2024. Dismantling Public Values, One Data Center at the Time. Reimagining Public Values in Algorithmic Futures, University of Helsinki. February 19, 2024

Market concentration

Ensmenger, Nathan. 2021. The Cloud Is a Factory. In Your Computer Is on Fire, edited by Thomas S. Mullaney, Benjamin Peters, Mar Hicks, and Kavita Philip, 29–50. The MIT Press.

Smith, Hannah, and Chris Adams. 2024. Thinking About Using AI? Here’s What You Can and (Probably) Can’t Change About Its Environmental Impact. Green Web Foundation

Thorne, Michelle. 2024. Critical Dependencies: How Power Consolidation of Digital Infrastructures Threatens Our Democracies—and What We Can Do About It. Green Web Foundation.

Schulze, Max, Radika Kumar, and Michael Oghia. 2022. Taxonomy Guide: Infrastructure in the Digital Economy, Trade Competitiveness Briefing Paper. Commonwealth Secretariat.

Water

Anson, April, Andrea Ballestero, Dean Chahim, CIEJ, Theodora Dryer, Sage Gerson, Matthew Henry, et al. 2022. Water Justice and Technology: The COVID-19 Crisis, Computational Resource Control, and Water Relief Policy. New York University: AI Now Institute

Arrojo-Agudo, Pierre. 2025. UN expert demands global action to democratise water governance and protect human rights. October 17, 2025

Li, Pengfei, Jianyi Yang, Mohammad A. Islam, and Shaolei Ren. 2025. Making AI Less ‘Thirsty’: Uncovering and Addressing the Secret Water Footprint of AI Models. arXiv